NÃO PERGUNTE O QUE O BRASIL PODE FAZER POR VOCÊ, PERGUNTE O QUE VOCÊ PODE FAZER PELO BRASIL
O título deste breve artigo de opinião, que mais parece uma frase de efeito, o que não é, é a paráfrase de uma das mais célebres afirmações de John Fitzgerald Kennedy, o 35° presidente dos Estados Unidos da América, colocação esta que merece nosso apreço em tempos de crise moral, política e econômica como os vividos por nossa nação.
O brasileiro, melhor, nós brasileiros, temos uma noção um tanto quanto colonialista no que se refere à nossa relação com o Estado, com a coisa pública, enfim, com nossa pátria. Sempre nos questionamos porque o Estado agiu daquela forma, porque o dinheiro público não é suficiente, porque os políticos vislumbram em muitas ocasiões somente interesses escusos, etc. A resposta, nobres leitores, pasmem-se, é que a visão que possuímos de patriotismo é distorcida, por não dizer inexistente.
Queremos sempre que a pátria nos sirva, seja com isenções fiscais, subsídios de toda ordem, com emprego, com serviços públicos de qualidade ou qualquer espécie de bens ou serviços que nos interesse, sem todavia pararmos pra refletir o que temos feito como cidadãos para que tenhamos um país melhor, uma pátria digna de respeito e admiração interna e externamente.
Creio que nos falte uma noção exata do que seria nacionalismo, patriotismo, amor ao país. Sempre digo, e me perdoem quem discorde, mas não creio que as mudanças pelas quais nosso Estado, a República Federativa do Brasil, deve passar se encontrem tão somente no aspecto econômico e político; pra mim, alçar o Brasil à condição de “potência mundialmente reconhecida” passa pelo aspecto cultural, ponto flagrantemente permeado de deficiências e mazelas.
Toda vez que alguém joga lixo na rua, sonega impostos, vende voto, se esquiva de servir às Forças Armadas ou à Justiça Eleitoral há o cometimento de atos tão graves, sob o aspecto moral e patriota, quanto qualquer manifestação de corrupção, por maior que seja, eis que seus efeitos são quase os mesmos, a dilapidação dos valores nacionais, do sentimento de união do povo brasileiro, de amor à pátria e tudo que nela há e representa; o pensamento individualista e colonial que reina em nosso meio vai, como estou tentando afirmar, na contramão dos interesses da nação, de nossa pátria.
Como disse Kennedy, não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país; essa frase tem um sentido muito mais profundo e amplo do que possa parecer; vislumbrar o seu real sentido é reconhecer, cada universitário brasileiro, que ele não faz parte somente do sistema de ensino, mas de um grandioso projeto de crescimento e desenvolvimento tecnológico, econômico e social, é reconhecer que a culpa da corrupção vai além de quem a comete, mas de um complexo de valores em que quase todos os brasileiros, com pequenos atos, tem corroído, é vislumbrar, no desrespeito à uma vaga de estacionamento preferencial, o ataque à ordem social e jurídica, enfim, é ver a comunidade nacional e seus interesses como os próprios interesses pessoais, diretos.
Que estamos em crise, aliás, em uma grave e penosa crise, isso é fato. Entretanto nobres amigos, vejo que o momento é, ao contrário do senso geral, fértil para semearmos ações e medidas que gerarão uma outra espécie de Estado, um outro país. Temos muito a mudar no campo moral, político, social e econômico e não podemos jogar toda a responsabilidade dessas guinadas no sobrecarregado Estado, em nossa pátria. Cada um de nós, no nosso respectivo nicho, sabe o que deve ser feito, em que tempo o deve e de que forma.
Saiamos da zona de conforto, perguntemos, como sugere o texto, o que podemos fazer por nossa pátria, tenhamos uma visão de conjunto mais apurada e precisa, busquemos ser factualmente cidadãos ativos, pois de outro modo não alcançaremos nossos anseios mais antigos e prementes de solidificação econômica e política. Não nos esqueçamos que a pátria, a nação, o Estado, o Governo, as Igrejas e a inciativa privada é composta por todos nós, células pequenas mas não menos importantes desse complexo de relações e instituições.