Advogar não é tarefa fácil, ainda mais na seara criminal. Muitos são os entraves trazidos pelo judiciário e pela própria sociedade. Há um enorme preconceito aos leigos que pouco compreendem de direito, ou nada, e, induzidos pelo famoso “eu acho”, querem ser donos da lei e da moral, e decidir o que é certo ou errado, e ser o primeiro a apontar o dedo.
Todavia, aqueles que mais julgam são justamente aqueles que pouco fazem na sociedade, a não ser sobreviver, como parasitas, e a condenar qualquer atitude, seja de quem quer que seja.
Quero dizer que, simplesmente pelo fato de já ser advogado, há um enorme preconceito na sociedade, inicialmente pelo “sucateamento” dos cursos de direito que, visando apenas o lucro, entregam a sociedade profissionais despreparados e que vão posteriormente defender de maneira despreparada seus clientes, causando assim a imagem negativa dos casuísticos.
Depois, querem tirar o exame da OAB, e dizer que ele busca apenas o lucro. Eu não acredito nisso. Até porque, a faculdade não forma advogados, mas sim bacharéis em direito, que podem seguir qualquer área. Tirar esse exame é, a meu ver, uma incongruência, pois se um recém-formado não consegue nem passar em uma exame de ordem, não consegue então sequer defender o direito de outra pessoa.
Não bastasse isso, daí vem o termo pejorativo “advogado de porta de cadeia”. Isso sim é ridículo. Um termo chulo que “pegou” na sociedade para tarjar o advogado criminalista, como se ele “passasse fome na porta da cadeia”.
Todavia, a sociedade precisa entender, e inclusive outros profissionais, que advogado criminalista, ou penalista, defendem direitos previstos na Constituição brasileira, pouco importando o crime cometido.
O defensor, seja ele quem for, não vai defender o crime, ou o criminoso, mas sim o direito previsto para qualquer um, inclusive para aquele que é acusado. Até porque, se ele for absolvido, é porque ele não era culpado.
Infelizmente, a sociedade reflete posteriormente a política que a representa, e se lá em Brasília as coisas não andam bem, é porque nunca andaram bem aqui na nossa cidade, no nosso bairro...
É preciso que paremos de apontar o dedo, leiamos mais e defendemos mais nossos direitos, e, ao invés de ficarmos falando de um ou de outro, mostremos atitude, mudemos a sociedade, mudemos nós mesmos.
Vanderlei Balsanelli
Advogado Especialista – OAB/SC 45.807
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