Sabe aquela demanda judicial, proposta contra aquele fornecedor que não prestou os serviços adequadamente? Pois é, depois de quase uma década de relacionamento os valores das transações falaram mais alto e as partes não interessadas numa solução através da mediação, optaram pelo poder judiciário.
Devidamente assistidas por seus advogados a demanda foi proposta e não tardou para as divergências de entendimento acerca dos valores e prestações efetuadas serem expostas através das arguições apresentadas pelos respectivos patronos.
Diante das alegações apresentadas e sem saber ao certo o que realmente acontecera entre as partes, o magistrado logo se socorreu no auxílio de um Expert, que deveria responder as indagações em forma de quesitos já apresentados pelas partes.
Ao debruçar-se na leitura dos autos, o Expert entendeu do que se tratava o litígio e ainda que não lhe coubesse manifestação, em sua mente imaginou quais seriam as perguntas corretas a serem formuladas pelas partes para a defesa dos interesses alegados.
A prática, no entanto, revelou-se decepcionante, os quesitos propostos, em nada ajudavam a fundamentar e esclarecer tecnicamente os pontos controvertidos da lide e o Expert restrito aos mesmos e as provas constantes nos autos, em nada pôde avançar e contribuir para a efetiva solução daquela demanda sob pena de quebra de sua imparcialidade.
Indignadas, as partes julgaram o laudo inconclusivo, afinal o Expert não respondeu aquilo que queriam, resolveram então propor quesitos suplementares, os quais padeciam dos mesmos vícios dos primeiros. Esta dinâmica perdurou por bom tempo, até que o processo recebeu um desfecho não desejado por ambas as partes, justamente pela falta de clareza das mesmas em explorar corretamente os aspectos técnicos que a situação requeria.
O relato é fictício, mas evidencia bem o que ocorre nos litígios empresariais levados ao poder judiciário, pois são ações que em sua maioria envolvem a necessidade de verificação de operações e valores para a comprovação dos direitos alegados.
As ações muitas vezes são encaminhadas para apreciação pelo poder judiciário sem o embasamento técnico pertinente e necessário para comprovação dos direitos pleiteados. Quando se opta em provocar o poder judiciário, este possui e segue um rito próprio que não é controlado pelas partes litigantes, logo, quando se quer uma solução rápida e precisa deve-se munir da adequada fundamentação de tudo aquilo que se defende.
Tem-se assim que, quando os direitos alegados dependem do conhecimento de outras áreas, normalmente o auxílio de um Expert é requerido, logo, saber abordar o trabalho deste profissional é um dos aspectos chave para o sucesso em um processo. Esta abordagem ao trabalho do profissional perito perpassa pela necessidade de elaboração de quesitos de forma clara e objetiva afastando com esta medida a dependência de uma resposta conveniente a partir da interpretação efetuada pelo Expert.
O ganho de uma ação judicial ainda que não dependa exclusivamente de um laudo, este tem muitas vezes um peso significativo e, portanto, sua composição não pode ser feita a partir de quesitos elaborados de maneira superficial com a presunção de que o Expert entende da matéria, sendo assim, fará a interpretação conveniente à parte.
A resposta pertinente deve partir de um quesito pertinente e jamais ser tratada como resultado de uma questão de interpretação.