Uma pesquisa realizada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, por encomenda da revista Veja, demonstrou que, no Brasil, ao contrário de outros países, como China, Alemanha e Austrália, é mais perigoso ser vítima de trânsito que de homicídio ou câncer. Em número, isso se traduziria em 60 mil mortos e 352 mil casos de invalidez permanentes no ano de 2012. Mas porque o Brasil é o país que mais mata no trânsito? Quais são as causa as principais causas de acidentes com vítimas fatais?
A embriaguez e o excesso de velocidade são, por óbvio, as maiores causas de acidentes de trânsito com resultado morte, vejamos.
A embriaguez é responsável por grande parte dos acidentes de trânsito. Mas porque as pessoas ainda insistem em beber e dirigir e consequentemente correr o risco de produzir ou ser vítimas de uma fatalidade?
A primeira desculpa é a falta de fiscalização, e com razão, basta bordejar por qualquer cidade em horário conveniente que raramente veremos uma blitz.
Atualmente a segunda é uma mistura do valor do taxi com a realidade social. A maioria dos condutores que possuem veículos afirmam, sucessivamente, ser mais econômico utilizar o próprio carro para se deslocar, mesmo correndo os riscos causados pela embriaguez.
Normalmente os jovens saem de casa pensando em não beber, mas quando encontram os amigos, a ingestão é praticamente inevitável, e se não bebem, taxam-lhe de antissocial. Contudo esquecem que o taxi não é um gasto, mas sim um investimento para salvaguardar a própria vida. Além disso, a presença já é marco de socialização, não é necessário ingerir bebida alcoólica.
A tecnologia, por sua vez, é grande aliada dos infratores que bebem e dirigem. A criação de aplicativos para smartphones que avisam outros usuários onde existe a fiscalização policial é uma ferramenta bastante utilizada.
Enfim, nas condições atuais, é humanamente impossível alcançarmos uma fiscalização ideal. A tendência brasileira é banalizar o crime, as pessoas continuarão bebendo e dirigindo. Mas até que ponto a bebida pode influenciar em um acidente de trânsito para causar uma fatalidade?
Ao ingerirmos bebidas alcoólicas, inicialmente sentimos o efeito relaxante, que desaparece com o aumento do consumo. De acordo com a química cerebral de cada um o álcool pode causar sonolência ou bastante agressividade. Em casos de intoxicação cerebral podem existir apagamentos ou blackouts fazendo com que a probabilidade de ocorrer um infortúnio no trânsito seja gigante. (RONALDO LARANJEIRA)
Ao colocar-se na frente do volante o motorista ignora os perigos, subestima as dificuldades, percebe tarde demais os riscos, perde noção da velocidade e principalmente da distância, esquece que o álcool dá impressão que dirigimos melhor embriagados, emprega velocidade maior que de costume, perde o campo de visão, reação e percepção. (DOTTA, 2002).
Certamente a capacidade psicomotora de cada pessoa é alterada em razão da influência de álcool dependendo de diversos fatores. É difícil aferir se bebendo apenas uma taça de vinho o agente esteja incapaz de conduzir um veículo com segurança. Por isso o legislador acertou na proibição completa, para evitar o abuso dos motoristas. Porém, como já dissemos, não adianta existir grande repressão se há pouca fiscalização, pois a tendência é descumprir a regra. A orientação é sempre no mesmo sentido, se beber, não dirija.
Um exemplo são os jovens, quando atingem a maioridade, se sentem donos do mundo. Com a primeira habilitação e passe livre em todos os lugares permitidos apenas para maiores de 18 anos, o exagero do álcool é inevitável. O perigo surge nesse momento, porque mesmo completamente embriagado o sujeito imagina que possui completo discernimento para dirigir, ignorando a possibilidade de causar uma grande tragédia.
Por outro lado, o excesso de velocidade é um problema constante no dia a dia. É praticamente impossível encontrar alguém que nunca tenha excedido o limite de velocidade. Esta prática, pelo menos em Curitiba, tende a diminuir pela seguinte razão.
A Setran - Secretaria Municipal de Trânsito do Município começou a utilizar, no dia 16 de outubro de 2014, radares estáticos para fiscalizar a velocidade dos veículos nas principais vias da capital. Uma pesquisa realizada no mês de agosto do mesmo ano serviu de mola propulsora para o início dessa atividade, pois constatou que 42,6% dos motoristas ultrapassam o limite de velocidade permitido nas vias da cidade.[1]
A secretária municipal de trânsito, Luiza Siminelli, demonstrou a preocupação afirmando que
"A fiscalização da velocidade nas ruas é atribuição da Setran e é muito solicitada pela população curitibana. Porém, há aqueles que não obedecem e nem se sujeitam às normas de trânsito, colocando em risco todas as pessoas na cidade. Precisamos urgentemente mudar este quadro para evitarmos as mortes e os acidentes no trânsito de Curitiba”,
A questão de ultrapassar o limite de velocidade é uma cultura que deve ser completamente alterada. Vejamos o que disse Cassiano Novo, Diretor da Escola Pública de Trânsito da Setran, comandante do exame realizado no mês de agosto.
"A pesquisa apenas constatou o que já verificávamos em Curitiba: muitos condutores excedem a velocidade permitida em diversos pontos da cidade. Precisamos mudar esse hábito, pois a violência no trânsito se tornou uma questão de saúde pública, provocando a ocupação de muitos leitos de UTI, trazendo custos elevadíssimos e consequências desastrosas para as famílias que se envolvem em colisões de trânsito. Um minuto ou uma hora de ganho de tempo no trânsito não valem uma vida. O risco assumido é desproporcional"
E ai? Vai continuar bebendo e dirigindo?