A (re)construção da confiança através do Blockchain


14/08/2018 às 15h02
Por Mariana Chagas

Não faz muito tempo (na verdade ainda estamos, pouco a pouco, nos transportando para fora desse tempo), no mundo pré-Blockchain, a confiança nas transações derivava de indivíduos, intermediários ou de outras organizações que atuavam com integridade.

 

Muitas vezes não podemos conhecer nossas contrapartes, muito menos se elas são honestas e, por isso, temos recorrido então a terceiros para manter os registros das operações que realizamos e executar a lógica do negócio e das transferências que possibilita o comércio on-line. Estes poderosos intermediários – bancos, governos, Pay Pal, Visa, Uber, Apple, Google e outros conglomerados digitais – colhem grande parte do valor que movimentamos, todos os dias, através da confiança que depositamos em seus serviços. E no quanto nos sentimos muito mais seguros realizando essas simples tarefas através de seus sistemas.

 

Contudo, no mundo emergente do Blockchain, que se mescla quase que de forma imperceptível com o anterior com assustadora rapidez, a confiança deriva da rede e até mesmo dos objetos conectados a ela. O livro-razão em si é o grande alicerce dessa confiança gerada pela cadeia, ajudando a construir a integridade em todas as nossas instituições, criando um mundo com relações mais seguras e fidedignas em todos os sentidos.

 

Desta forma, em um futuro bastante próximo e promissor, acionistas e cidadãos esperarão que todas as corporações de capital aberto e organizações financiadas pelos contribuintes operem as suas tesourarias, no mínimo, no Blockchain, fazendo com que as empresas que realizam algumas ou todas as suas operações através da rede desfrutem de um impacto significativo no preço de suas ações.

 

Através dessa transparência, seus investidores poderão ver se um CEO realmente merecia aquela premiação, ou se o dinheiro investido na empresa está realmente sendo destinado para o fim a que deveria. Contratos inteligentes (ou smart contracts), habilitados por Blockchain, exigirão das contrapartes, de forma automatizada, o cumprimento de seus compromissos, e os eleitores serão, enfim, capazes de ver se os seus representantes estão sendo honestos ou agindo com a responsabilidade fiscal exigida.

 

Verdade seja dita, atualmente os Governos utilizam a internet tanto para aperfeiçoar operações e serviços, quanto para empregar tecnologias de monitoramento e até mesmo manipulação dos cidadãos. Com a tecnologia Blockchain, um mundo de novas possibilidades se abre para reverter essas intenções. Agora o cidadão possui uma plataforma verdadeiramente ponto a ponto que possibilita ser dono de sua identidade e dos seus próprios dados pessoais, realizar transações criando e trocando valor sem poderosos intermediários agindo como árbitros do dinheiro e da informação.

 

Um dos pontos mais fascinantes da tecnologia é a possibilidade de que bilhões de pessoas que haviam sido excluídas do sistema retrógrado e explorador em que vivemos, logo conseguirão entrar na economia global. Conseguiremos proteger nossa privacidade e monetizar, se quisermos, nossa própria informação.

 

Em mundo, não tão distante, que respirará Blockchain em todos os seus atos, onde o cidadão atuará por si próprio, sentindo o prazer de ser única e exclusivamente o detentor e responsável por seus dados, teremos a capacidade de começar a mudar a maneira pela qual a renda é distribuída inicialmente, já que, todas as pessoas, independente de cor, credo, raça ou classe social, poderão participar de maneira mais ampla, desde o início, da riqueza que criam, permitindo que a confiança na colaboração floresça em um mundo tão necessitado, simplesmente, disso.

 

 

 
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Referências

 

 

 

 

Mariana Chagas

Advogado - Santos, SP


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