1 INTRODUÇÃO
O Absenteísmo é o ato recorrente de se abster de realizar determinada função ou tarefa, deixando assim de cumprir as obrigações inerentes ao seu trabalho. Pode se observar que o absentismo está ligado relativamente com a procrastinação, visto que um se relaciona com o meio formal incluindo relações profissionais, enquanto o outro está voltado ao âmbito pessoal.
De forma geral, o estudo do absenteísmo atualmente propõem buscar os motivos que causam essa abstenção dos colaboradores no ambiente corporativo, buscando conhecer o perfil e características dos agentes, identificando assim as necessidades que eles possuem. Com isso, as empresas e escritórios podem apresentar maneiras eficientes para evitar a inércia de seus colaboradores.
Diante das intempéries do ambiente organizacional, há um aspecto permanente em evidência, que é a importância dos funcionários motivados em seu local de trabalho. Cabe aos líderes de equipe, aos gestores e a área de Recursos Humanos criarem formas de melhorar a motivação e mitigar os impasses que influenciam negativamente a produtividade laboral.
Para tanto, no presente texto será realizado um contraponto entre a iniciação do absenteísmo nas organizações sob a obra e preceitos filosóficos à luz do Autor alemão Arthur Schopenhauer. Nesse contexto, a proposta desse artigo visa apresentar conceitos, definições e paralelos entre supostas causas e efeitos relacionadas ao tema supramencionado.
2 Conhecendo o Absenteísmo
Como visto na Introdução, o absenteísmo se pauta na ausência de assiduidade ou abstenção de realização das tarefas profissionais por diversos motivos, as causas também podem ser voluntárias, por doença, legais, entre outros. Conforme verificado por Chiavenato (2008), é a duração do tempo perdido em que o funcionário não comparece ao trabalho, sendo constituído pela soma do tempo ausente por motivo de falta, atraso ou qualquer motivo interveniente. Trata-se inegavelmente de uma grande perda na produtividade laboral, seria um erro, porém, atribuir toda essa responsabilidade somente ao colaborador.
Pode-se dizer que mesmo tendo vários funcionários, não significa que todos estarão realizando o seu trabalho com total comprometimento. Neste contexto, para Chiavenato (2008) fica claro que a falta dos funcionários ao trabalho provocam enormes prejuízos às organizações. O mais preocupante, contudo, é constatar que o antagonista do absenteísmo é a presença.
Conforme mencionado anteriormente, a melhor maneira de compreender esse processo é considerar que se deve utilizar as ferramentas possíveis para extrair a presença plena do colaborador. Não se trata somente de uma presença física, seja porque é necessária a presença de espirito, julgo pertinente trazer á tona que essa presença plena advém da vontade.
De acordo com Paul E. Spector (2009, p. 30):
O senso comum sugere que o absenteísmo é um subproduto da insatisfação do funcionário no trabalho. As pessoas que não gostam do emprego tenderão mais a evitar o trabalho do que pessoas que gostam. Várias metanálises investigaram essa questão e demonstraram que a conexão entre a satisfação no trabalho e o absenteísmo é inconsciente e normalmente irrelevante.
O autor deixa claro na citação acima que de acordo com senso comum podemos facilmente perceber a vontade inconsciente, sendo ela um subproduto do absenteísmo. Esse é o motivo pelo qual insta salientar que a vontade e satisfação são qualidades precárias e em constante mudança nos indivíduos. Conforme acima exposto as conexões entre a satisfação e o absenteísmo são analisadas com base em estatísticas adequadas para combinar os resultados provenientes de diversos estudos.
Sendo assim, novas perspectivas podem ser abordadas. Podemos perceber conforme todo relato que esse quadro remete a um paradoxo comportamental e filosófico. Não é exagero afirmar que esse tema pode ser relevante nesse conceito. Nesse ritmo, é apenas questão de tempo, de pouco tempo, para se perceber que as causas do absenteísmo podem se relacionar de maneira peculiar com o ponto de vista do mundo como vontade e representação de Schopenhauer.
3 O mundo como vontade e representação
O Doutor Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão contemporâneo que se tornou conhecido por meio de seu pessimismo filosófico, em sua adolescência durante viagens pela Europa começou a filosofar sobre a existência humana e os problemas do homem, ingressando assim na Faculdade de Comércio em Hamburgo, todavia abandonando logo em seguida o curso, indeciso com sua vida acadêmica, ingressou na graduação de Medicina na Universidade de Gottingen, também na Alemanha, para poder aprofundar o estudo cientifico, e por fim, transferiu o curso para Filosofia na cidade de Berlim, tendo escrito sua principal obra máxima, “O Mundo como Vontade e Representação”.
“O Mundo é minha Representação”, considera que o mundo consiste no representar, o que implica afirmar que o mesmo está sob a dependência do sujeito. Ao passo que o autor estabelece essa verdade a todo ser existente e pensante, em que as representações tornam-se conhecimentos abstratos e conscientes, ou seja, o ser humano não pode “conhecer nem um sol, nem uma terra, mas apenas olhos que veem este sol, mãos que tocam esta terra” (SCHOPENHAUER, 2001, p. 9)
Podemos tentar conceituar o mundo como vontade como sendo o princípio norteador nas decisões pessoais. Então, é preciso assumir que grande parte das buscas, metas e objetivos são para alcançar determinado anseio ou resultado futuro. Em consonância com que foi verificado, certamente se trata de uma satisfação própria e intransferível e quando alcançado tal ápice o indivíduo atinge o estágio inerente ao tédio.
Segundo Janaway (1994). Há na mente consciente uma representação capaz de fazer as pessoas se moverem e agir. Essa representação pode ser chamada de motivo e por traz de um motivo subsiste a vontade. Sendo assim o que o ocorre quanto se alcança o objetivo dessa motivação? O autor deixa subentendido que quando cessa uma vontade surge o tédio que leva ao absenteísmo.
Paralelamente com o que foi dito, é preciso, porém, ir mais além a partir da visão de Arthur Schopenhauer, a vontade é o único elemento permanente e invariável do espírito. É este exatamente o caso pelo qual se dá a coerência e unidade, que constitui a essência do homem. Por todas essas razões, a vontade seria o princípio fundamental da natureza, independente da representação, não se submetendo às leis da razão. É notório que isso resulta de forma inconsciente no indivíduo. O que importa, por exemplo, é modificar esse aspecto fazendo o mesmo ter consciência de suas vontades. Essa, porém, é uma tarefa que precisa ser levada em consideração. Vê-se, pois, que uma pessoa consciente de suas vontades tende a ser mais produtiva.
De acordo com La Taille (2009, p. 79):
O tédio é condição incontornável do ser humano, não é portanto, decorrente de uma situação cultural específica. Logo, entender o tédio remete ao entendimento da própria vida. Para outros como para Stevenson, O tédio é uma questão colocada pela modernidade e pela pós modernidade. Pessoalmente, admitirei que, de fato, o tédio começa a se colocar como angustiante tema para a modernidade, mas que ele se torna agudo nessa sua fase avançada que é pós-modernidade, também chamada de hipermodernidade.
Pode-se dizer que, um ser só se empenha pelo atingimento de fins se experimentar uma falta ou se continua por qualquer período de tempo , torna - se apenas tédio , que Schopenhauer menciona com frequência como uma das características pervasiva da vida . Por fim , o autor deixa claro que o atingimento de fins nunca faz que o anseio por fins cesse por completo.
4 CONCLUSÃO
O desenvolvimento desse pequeno artigo permite uma breve análise de como o absenteísmo pode ser observado pelo aspecto filosófico, uma reflexão acerca das causas e influências da baixa produtividade encontrada no ambiente de trabalho, esse conteúdo, além disso, também permite utilizar diferentes pontos de vista e avaliar como a vontade e o tédio se comportam no cotidiano, podemos chegar à conclusão de que o esforço nasce da carência, do descontentamento com o próprio estado e é, portanto, sofrimento pelo tempo que não é satisfeito; nenhuma satisfação, todavia, é duradoura, mas antes é sempre um ponto de partida para um novo esforço, o qual, por sua vez, vemos travado em toda parte de diferentes maneiras, em toda parte lutando, e assim, portanto, sempre como sofrimento .
Por fim, é indiscutível conceber que a vontade como essência de todas as coisas implica na construção de uma visão de mundo em que o descontentamento é condição existencial. Schopenhauer afirma que a vontade, em todas as suas formas de manifestação, é ausente de qualquer finalidade última, pois apenas o esforço lhe é essencial. Nesse sentido, é possível tal ímpeto não cessa quando se atinge um determinado alvo, Incapaz de uma satisfação última, a vontade se desdobra em outras direções, retardando-se apenas diante dos empecilhos que se interpõem, multiplicando as formas de insatisfação. Sendo assim, o absenteísmo é resultado do tédio advindo de quando o colaborar alcança determinado objetivo no seu trabalho podemos perceber conforme citado acima que esse quadro remete a insatisfação e inércia, causando então um pêndulo entre vontade e tédio.