Há alguns anos estamos vivendo o dia-a-dia com a sombra do monstro "crise" ao nosso lado. Por onde passamos, podemos ver o reflexo e o impacto que vem causando nos mais variados setores do país. São inúmeras empresas fechando, fábricas reduzindo o quadro de funcionários, grandes marcas saindo do mercado brasileiro, produtos e serviços cada vez mais caros e uma população com menos recursos. Esse cenário desolador já era previsto pelos especialistas, sabíamos que seria um ano onde deveríamos baixar as expectativas e ser cautelosos para não mergulhar em águas turvas.
Diante disso, o gestor enfrenta uma longa batalha na rotina, a de manter sua equipe motivada, focada no objetivo da empresa e unida para buscar soluções onde muitas vezes não conseguem enxergar além do muro.
"Quem sobrevive não é o mais forte, nem o mais inteligente. É o mais propenso a mudanças" essa frase de Charles Darwin se encaixa perfeitamente no cenário atual, onde a cada dia somos surpreendidos com uma nova notícia do mercado econômico do país, e que muitas vezes, nos obriga a mudar a estratégia para adequá-la aos nossos objetivos.
Essa é uma das vantagens que a crise nos proporciona, a possibilidade de se reinventar, de abrir novos caminhos, de explorar o talento de cada pessoa que integra a equipe. É o momento em que fazemos uma pausa do que vem sendo feito, analisamos o seu resultado e concluímos se devemos ou não continuar, e nesse processo, surge novas idéias, novas estratégias, opiniões de pessoas que normalmente não se habilitariam a sugerir mudanças. Se não nos deparássemos com um obstáculo, se tudo permanecesse sempre da mesma forma, talvez não haveria a oportunidade de pessoas se destacarem na companhia.
"A questão não é ter o problema, mas, a forma como reagir a ele", Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, retrata bem o que se espera dos lideres diante de um cenário desanimador.
O medo e a insegurança faz com que as pessoas sejam mais competitivas, todos precisam mostrar que são indispensáveis para as companhias, isso tem o lado positivo, onde é possível extrair o melhor do funcionário, agregando valor ao serviço, e o lado negativo, que é a geração de conflitos na equipe.
Para um gestor, é indispensável um perfil analítico e criativo. É preciso estar atento para identificar na equipe pessoas que conseguem propor inovações, que sejam flexíveis e que possa contribuir nesse processo delicado que as empresas vem enfrentando. É preciso ser resiliente e buscar com sabedoria pessoas experientes que estão dispostas a criar estratégias para superar essa fase. É preciso ter foco em resultado e saber conduzir a equipe pelo mesmo caminho, mas, acima de tudo é preciso saber identificar se há na equipe pessoas tomadas pelo pessimismo, pois, esse é o fator que mais desencadeia a desordem em um grupo. Considero esse fator o mais desafiador nesse cenário, pois, pessoas tomadas pelo pessimismo, e que não estão dispostas a mudar, podem contaminar a equipe e desarmar toda a estrutura montada pelo gestor.
Saber gerenciar conflitos e reagir com precisão fará toda a diferença para alcançar os objetivos da companhia. Mesmo com toda a crise que estamos enfrentando, não podemos deixar que o desânimo se aproxime. Ter atitudes positivas, usar o bom senso, ter coragem e saber encarar os obstáculos que surgem na rotina são pontos essenciais para o bom desempenho de todos.
Um dia a crise passará, e dela, restará as pessoas que souberam usar essa fase a seu favor, pessoas que viram a oportunidade de ousar, criar, recriar e se destacar. Pessoas que optaram por acreditar que era possível alcançar os objetivos e não desistiram dele. E para aqueles que perderam seu espaço por não conseguirem acompanhar as mudanças impostas pela crise, haverá uma nova oportunidade. "Fracasso é simplesmente a oportunidade de começar de novo; desta vez, de maneira mais inteligente" Henry Ford.
Camila Marques
